No Dia Internacional da Mulher, destacamos a trajetória da campeã Olímpica Yane Marques

No Dia Internacional da Mulher, destacamos a trajetória da campeã Olímpica Yane Marques

Em entrevista ao CREF12/PE, Yane falou sobre o papel da mulher no esporte, suas conquistas e seus projetos atuais.

Yane Marques com sua Cédula de Identidade Profissional

Nesse Dia Internacional da Mulher, o CREF12/PE lembra a trajetória de uma pernambucana, profissional de Educação Física, que conquistou o mundo com seu talento no esporte: a pentatleta Yane Marques.

Nascida em 1984, Afogados da Ingazeira, Sertão de Pernambuco, Yane logo se destacou no pentatlo moderno, esporte que une natação, esgrima, hipismo, tiro ao alvo e corrida.

Yane Marques tem no seu currículo diversos títulos importantes, dentre eles, a medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, em 2007, resultado que garantiu sua participação nas Olímpiadas de Pequim em 2008, onde ficou em 18º lugar.

Em 2011, foi medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México, ano em que atingiu a terceira colocação no ranking mundial do pentatlo moderno.

Em 2012, Yane conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres, sendo a primeira atleta latino-americana a ganhar uma medalha no pentatlo moderno em toda a história das Olimpíadas. Após os jogos, tornou-se a 2ª do mundo no ranking internacional do pentatlo moderno.

Em 2014, a atleta conquistou medalha de ouro nos Jogos Sul-Americanos do Chile e no Campeonato Pan-Americano na Cidade do México.

Em 2017, foi convidada pelo atual prefeito do Recife, Geraldo Júlio, para ser Secretária Executiva de Esportes no município.

Em entrevista ao CREF12/PE para o Dia Internacional da Mulher, Yane falou sobre o papel feminino nos esportes, a Educação Física e os seus desejos para o futuro.

Assessoria de Comunicação do CREF12/PE: Como você enxerga o papel da mulher no esporte atualmente?

Yane Marques: A mulher tem ocupado hoje espaços nunca antes ocupados por ela. Trazendo para o âmbito esportivo, no pentatlo moderno, até 2000, só existiam representantes masculinos. A Olímpiada de Sidney, em 2000, foi a 1ª onde competiram homens e mulheres, o que foi uma grande conquista histórica.

 

Assessoria de Comunicação do CREF12/PE: Você sofreu preconceitos por estar em um esporte maioritariamente masculino?

Yane Marques: As pessoas perguntam muito “Você sofreu preconceito por praticar um esporte com características tão masculinas”? A verdade é que não. Eu não sofri preconceitos. Talvez pelo fato de eu ter alcançado resultados que os homens não tinham conseguido antes. Vejo que mulher tem se mostrado capaz e tem ocupado os espaços de maneira natural e essa receptividade da sociedade tende a ser cada vez melhor, sendo que esse tipo de debate nem deveria mais existir.

 

Assessoria de Comunicação do CREF12/PE: Porque você escolheu a Educação Física como profissão?

Yane Marques: Eu nunca tive dúvida que eu escolheria o curso de Educação Física. Eu sempre fui muito ativa e na primeira oportunidade comecei a carreira como atleta e não tinha dúvida que mesmo após a carreira, eu queria seguir no viés do esporte. Então para mim a formação foi muito importante, porque assim eu consigo defender a causa do esporte com mais propriedade. Unir a experiência prática de 20 anos treinando como atleta à parte científica do curso é uma junção perfeita para quem quer exercer a profissão com mais convicção e propriedade, seja como professora, treinadora, técnica ou gestora.

 

Assessoria de Comunicação do CREF12/PE: Como tem sido sua experiência na gestão pública?

Yane Marques: Eu tenho usado muito a minha experiência, mas trazendo para a realidade, dentro das possibilidades que temos de recurso, de espaço, de material humano. Mas muita coisa é possível quando você se esforça e seus argumentos são pertinentes e bem embasados. E a verdade é que o esporte mudou a minha vida e a minha missão na Secretaria é fazer com muitos jovens o que fizeram comigo, dar essa oportunidade, mostrar esse caminho como opção.

E vale muito apena, pois hoje se consegue viver do esporte, diferente de 2003 quando eu comecei, que eu tinha uma bolsa de R$ 400, o que hoje não dá para cobrir os custos. Hoje, existem incentivos do governo do estado, do governo federal, além do que as empresas já têm um olhar mais diferenciado no que se refere ao patrocínio para a carreira de um atleta. A realidade hoje é muito mais feliz.

Nas minhas visitas às comunidades ou projetos sociais, eu tenho sempre mostrado o meu exemplo como referência de que entregar a vida para o esporte vale muito apena, pois ele ensina a ser um bom cidadão. E enquanto gestora

pública acredito que mais do que fazer um campeão na pista, na quadra, na piscina, é importante fazer um campeão na vida.

Então, acredito que é importante fazer com que as pessoas usem a ferramenta do esporte como um pilar para vida, levando esses princípios inerentes ao atleta para sua casa e transformem também a vida das pessoas envolta.

 

Assessoria de Comunicação do CREF12/PE: Você gostaria de destacar algum sonho que ainda não realizou?

Yane Marques: Como atleta eu estou realizada, pois o sonho de muitos atletas é participar de uma Olimpíada e ganhar medalha. Eu vivi esses dois sonhos.

Agora, como gestora, a gente tem que viver de sonho, se a gente não sonhar a vida não tem propósito nenhum.

Então, eu queria ver muitas vidas transformadas, e que eu pudesse olhar para trás e pensar quantas pessoas mudaram de vida porque eu consegui levar um projeto, uma oportunidade de ser atleta, uma capacitação ou um curso na universidade. Agora, na gestão, eu tenho pensado muito no atleta, mas não só na questão técnica de treinos, mas no legado, na parte científica, em levar conhecimento.

Nos projetos que desenvolvemos tentamos capacitar as pessoas envolvidas de modo que elas possam depois perpetuar aquilo que aprenderam.

 

A todas as mulheres, especialmente a todas as profissionais de Educação Física, o CREF12/PE deseja um feliz dia, e que o respeito e a igualdade sejam celebrados diariamente.

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